segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Decoração Como Resgate Social


     A geografia  do artesanato ganha novos contornos a cada dia e se mistura cada vez mais com a história da pedagoga o teóloga Ivete de Jesus, idealizadora da Oficina Escola Arte Que Vem da Rua. A entidade, beneficente e sem fins lucrativos, é uma escola para moradores de rua e jovens em situação de risco social, que transformam peças tiradas do lixo em móveis e objetos artesanais para  decoração.  Instalada na baixada do Glicério, região central de São Paulo, a oficina, fundada há oito anos, ganhou sede própria em 2004, quando recebeu a casa vizinha  como doação da família Italiana Peppino Prisco, lá , pelas mãos dos 35 integrantes do projeto Cor Da Rua, garrafas Pet, latas de óleo, revistas , cadeiras, mesas, rodas e outros refugos da metrópole ganham cara nova e bela, compondo de espelhos a móveis, passando por adornos, cabideiros e mancebos. As inventivas peças de marcenaria como mosaicos , carro-chefe do projeto, fazem a fama desses artesãos anônimos, que, guiados pelo amor e pela arte já são conhecidos em países como França e Itália.  

          


Revista Dcasa nº 41

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Provençal, Cottage, Shabby Chic

    A pedido de minha grande amiga Designer de Moda Luciana Schneider, vou falar um pouquinho sobre seu estilo preferido o "Provençal",  aproveitando vou falar um pouco sobre o Cottage e Shabby Chic, ja que muitas vezes os dois ultimos lembram muito o Provençal.


PROVENÇAL


    É uma mistura dos móveis clássicos regentes com outros desgastados ou rústicos. Na verdade o estilo provençal nos remete à vida rural dos franceses do sul da França com suas casas de campo em meio aos vinhedos e aos campos de lavanda.  Vejo paredes desgastadas ou de pedra, móveis mais pesados de madeira, lustres de ferro, estofados forrados com tecidos nobres e detalhes em toile de jouy.  Taças de cristal ou até mesmo vidro bem rústicas e pesadas e ainda mobiliário de ferro no jardim. Ao contrário do que vemos muitas vezes em revistas de decoração infantil ou outras, o branco não é a cor que predomina nas verdadeiras casas da Provence! Além dos tons suaves, o francês usa todo o espectro de cores na decoração, principalmente o amarelo ouro ou envelhecido, vermelhos, azul cobalto, verdes, ferrugem e tons de madeira crua ou mais escura até, muitas vezes. É um estilo mais rústico, comparado ao cottage, mas não menos charmoso.




  COTTAGE

   Em poucas palavras, o estilo cottage (ou estilo chalé) é:  feminino, floral, acolhedor, pastel e aconchegante. Imaginem uma cabaninha no campo, com tudo fofo, cheia de detalhes mimosos, arranjos de flores, toalha de mesa florida num chá da tarde com um bolinho feito na hora… Essa é a sensação de conforto que temos quando estamos numa cottage! Ela não precisa ter o branco como cor predominante, mas as cottages mais fofas  (na minha opinião) abusam das cores clarinhas e tons pastel. Cortinas, colchas, detalhes em crochê, almofadas, louça florida, tudo para a gente se sentir feliz e acolhida. Móveis de madeira branca ou mesmo rústica, mas delicados e femininos. Nada de linhas retas ou móveis contemporâneos.        Espelhos vintage, enfeites em porcelana, prata e até mesmo lustres de cristal são facilmente encontrados nos lindos chalés.




SHABBY CHIC

   É aquele estilo de decoração Country, meio Vintage, meio Cottage, meio Provençal???  
Essa novidade surgiu no Estados Unidos como uma alusão ao modo americano country de ser. Algumas características são as paredes descascadas ou desgastadas pelo tempo ou artificialmente com o auxílio de tintas e outros materiais específicos para isso, objetos envelhecidos ou antigos, capas  nos estofados e cadeiras, além da famosa pátina nos móveis.





terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cadeiras

      Puxe uma, sente-se e entenda a história, a praticidade e por que ela é um dos móveis mais presentes em nossa vida.

     Cada modelo de cadeira serve a um propósito. E são muitos os propósitos. Alguns deles bem objetivo, há cadeiras próprias para a conversa na sala de estar, que são diferentes das indicadas para quem, como eu, trabalha sentado à mesa com um computador. Há ainda cadeiras que, conforme a cultura, servem a metas mais subjetivas. A exemplo da cadeira de um rei, que afirma sua soberania sentando-se no trono. Em algumas tribos indígenas latinoamericanas, sentar no banco é um atributo exclusivo do pajé.  

      Poucas coisas são tão humanas quanto o ato de se sentar. Desde que o Homo sapiens ficou de pé, sentiu a necessidade de sentar-se. No momento em que começamos a ter uma atividade intelectual que implica processar algumas coisas, fazemos isso na posição sentada, diz Adélia Borges, jornalista e diretora do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. E que atividade intelectual mais carente de um assento que escrever? Sentado no chão é praticamente impossível rabiscar palavras. A cadeira é tão importante em nosso dia-a-dia que até os astronautas têm as suas, embora só precisem delas como referência, diz Adélia Borges, no livro Cadeiras Brasileiras. Ou seja, no espaço, onde não há gravidade, não é preciso nem possível sentar-se, mas as cadeiras estão lá, para dar um ar de ambiente habitado, em meio àquela esquisitice de botões e luzinhas piscando.

                                                                    História  
              
           A cadeira chegou ao Brasil no século 16, com a vinda dos portugueses. Até então, por aqui, o mobiliário indispensável eram a rede e a esteira indígenas, ambas de fibras vegetais. A novidade demorou a vingar. Durante muito tempo, seu uso esteve restrito a igrejas, conventos, sedes de bispados, palácios de governo e outros lugares requintados. Apenas no século 19 é que as famílias brasileiras passaram a incorporar no mobiliário o jogo de cadeiras, destinado a compor a sala de jantar e as salas ditas de visita. Detalhe: isso valia para as famílias mais ricas. O resto do povo continuou fazendo o que já fazia quando queria descansar as pernas: sentava em bancos, redes ou no chão,mesmo.
         De certa forma,essa função mais requintada foi preservada até hoje, e o jeitinho bem brasileiro de viver de fato privilegia o uso da cadeira em momentos mais formais. Em famílias do interior ou nas casas de pescadores no litoral nordestino, a vida cotidiana acontece no terraço, em tamboretes, banquinhos e, claro, em redes. As cadeiras estão sempre na sala, um lugar, digamos assim, mais nobre para receber a visita. 
         
                                                                                                 
                                                                      A Cadeira Brasileira
     Até o início do século 20, no entanto, tanto a cadeira quanto o resto do mobiliário tinham a cara e o jogo de cintura europeus, mesmo aqueles fabricados aqui. A semelhança não era uma coincidência: o mobiliário nacional copiava mesmo os padrões europeus de acabamento, de materiais e revestimentos o que ainda encarecia sua produção. A arquitetura e o design genuinamente nacionais só floresceram com o desenvolvimento da indústria. Uma coisa leva a outra: os projetos dos novos prédios que surgiram demandaram mobiliário mais adequado. Nada mais natural. Porque o móvel faz parte do ambiente que desenhamos, diz o arquiteto Julio Katinsky, professor da Universidade de São Paulo, ele mesmo autor de desenhos de cadeiras.
Parece banal, mas o projeto de um móvel tão utilizado no cotidiano é uma prova de fogo. Desenhar uma cadeira é quase tão difícil quando projetar uma casa, diz Adélia, parafraseando o arquiteto alemão Mies van der Rohe (1886-1969). Uma das disciplinas, aliás, dos cursos tradicionais de arquitetura no Brasil ensina a desenhar o quê? Uma cadeira. Tem lógica. Ao pensar nos móveis para sua casa,você pode ir ao marceneiro na esquina e tentar criar, ou desenhar com ele, uma estante, uma mesa e até uma cama.Mas uma cadeira não dá para improvisar. Pois é ela quem vai dar sustentação ao seu corpo, é quase uma extensão dele, tem costas, pés. Além disso, já parou para pensar quanto tempo, num único dia, você fica sentado? É daí que vem, aliás, o nome sedentário: do latim sedens,nada mais que sentar.